sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Educação para diversidade: as práticas curriculares e o processo de construção social da alteridade, da diferença e da igualdade

Fernanda Nascimento/PET-Edu UnB

Estudantes, professores e comunidade participaram ontem da primeira mesa do I Ciclo de Debates em Educação e Direitos Humanos promovido pelo Programa de Educação Tutorial da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília,  apoio logístico e institucional do Decanato de Graduação da UnB e com a colaboração dos Grupos PET’s: Serviço Social, Direito, Sociologia, Política, Psicologia e demais grupos PET’s.

Fernanda Nascimento - Do Programa de Educação Tutorial da Faculdade de Educação-UnB.


  Marina C/PET-Edu UnB
Abertura

A mesa diretora contou com a presença da Senhora Márcia Abraão - Decana de Graduação, Profa. Dra. Carmenísia Jacobina Aires – Diretora da Faculdade de Educação e a estudante petiana Fernanda Nascimento como cerimonialista.






O Prof. Dr. Áderson Luiz Costa Júnior (PET-Psicologia) compôs a mesa como mediador e a Profa. Dra. Ana Tereza Reis da Silva (tutora do PET-Educação) e Profa Dra. Regina Lucia Sucupira Pedroza (PET-Psicologia) como palestrantes.
Fernanda Nascimento/PET-Edu UnB

Em sua conferência com o título Gênero em Educação, Dra. Ana iniciou seu discurso fazendo uma breve apresentação histórica dos Estudos Culturais, trazendo os Tratados da Antropologia como norteadores, o conceito de cultura na concepção elitista da década de 60 pela Inglaterra, a tematização do currículo como escolha meramente técnica baseada em " que modelo de homem queremos formar?"   O currículo atual de mostra um currículo desinteressado e político e várias discussões trazem à tona as orientações Universalistas x Relativistas. Foucault traz o embate da escola como espaço de justiça, de meritocracia, o espaço que precisa privilegiar o mais fundamental, o menos cultural. Ora, não existe conhecimento isento de cultura.  Essa idéia de menos cultural dita que ensinar Matemática não é cultural, aprender a fazer jarro de cerâmica com os indígenas é cultural então não é necessário. Se é para ser universal o currículo precisa ser para todos, afinal, a concepção de universalidade existe porque nós a definimos.  Dra. Ana trouxe o embate das teorias essencialistas e construcionistas. Em seu discurso delineou a idéia da correspondência em que a sociedade dissemina como devemos nos comportar, "a cultura é super pedagógica", afirma. "Não podemos acreditar que há desde que nascemos o que seremos. Muitas vezes negamos o corpo. [...] Não é porque nasci com órgãos femininos que eu tenho que me sentir menina." Ana citou ainda Guacira Lobo, "não nascemos mulher, nos tornamos mulher" assim como os homens se tornam homens, aprendemos a ser homens, mulheres, pais, mães, estudantes, professores, etc. O Movimento Feminista de caráter mais radical tem afirmafo que se nós educamos mulheres submissas é porque educamos homens dominadores. "Não podemos pensar simplesmente em colocar calça na mulher e saia no homem", é preciso um processo de empancipação humana (homens e mulheres juntos) tratando as relações humanas. Como o currículo pode incorporar às diferenças? O que é o (ex)cêntrico? Aquilo que está do lado de fora. Para Dra. Ana, o diferente nega a regra, nós construímos a diferença e isso é relacional pois, "eu também sou diferente. O diferente é a regra não a exceção."  O parâmetro da escola tem sido a regra, uma forte crítica ao currículo é a folclorização do currículo. Dra. Ana completou com uma citação da autora Francesa, Eve Sedgwick, "A ignorância não é a ausência do conhecimento, mas o efeito do conhecimento."

DEBATE - O debate foi formado por desabafos, dúvidas, conflitos e contemplações. A questão Religião e Gênero foi citada e questionada, ressaltando pelas palestrantes o respeito pela diversidade dos discursos. Foi levantada a importância dos Movimentos Sociais nos debates dos variados temas. A professora Dra.  Regina Lucia Sucupira Pedroza se considera anarquista e acha que temos que desconfiar de tudo e de todos. "Desconfiem! Desconfiem de mim, do que lhe falam!"  Querendo trazer a ideia de cada um defende no que acredita e torna em questão as verdades absloutas, ou seja, devemos desconfiar das pessoas por cada uma trazer argumentos que confirmem suas teses, suas crenças. É precio refletir antes de simplesmente aceitar. Embora exercitemos a escuta das opiniões diferentes, é preciso estarmos prontos para escutar mesmo que não estivermos de acordo.  Diversidade é inerente. Dra. Ana Tereza afirma que "desconhecemos a história da homossexualidade e por isso temos aversão, é preciso conhecer aquilo que se ignora." O debate foi finalizado como um alimento a execução, a esperança, onde sabe-se que "mudar é difícil, mas é possível."

A estudante Suzany Araújo do PET-Edu participou do início ao fim da mesa. "A mesa  sobre Gênero e Educação, ministrada pela professora Ana Tereza (nossa tutora) foi ótima. Pude perceber que trabalhar diversidade na escola não é comemorar datas, e sim inserir a diversidade em todos os conteúdos em todas as aulas, pois ela está presente em todos os momentos! Como a professora disse o diferente é a regra e não a exceção. "

Todos os textos e fotos podem ser utilizados e reproduzidos desde que a fonte seja citada. Textos: autor/PET-Edu UnB. Fotos: nome do fotógrafo/PET-Edu UnB.

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