Os Meses do Ano
(Maria Eugénia A. Pires)
O Janeiro em ti amanhece
És filho primeiro do ventre desta mãe
Como primeiro tudo em ti se esquece
O frio, o vento, a neve e a chuva também
E tu Fevereiro par do segundo filhote
Brincalhão, brutesco filho vagabundo
Enganas tua mãe com sol manhoso
Que escondes sem dó, sem esquecer o mundo
Mas lá vem o Março, o filho terceiro
Alegre e airoso de bom coração
Acorda a sorrir e muito gaiteiro
Mas acaba a chorar até mais não
E vem o Abril das manhãs verdejantes
Que o Março gaiteiro para ele deixou
Qual noiva a sorrir e águas cantantes
Qual o sonho de amor que só ele suspirou
E o Maio lindo qual Avé Maria
Doce, doce qual noiva a chorar
Terno e manso, quem diria
Que é tanto materno convida a rezar
E o Junho belo e forte segue seu irmão
É o mês dos três santos populares
Santo António, São Pedro e São João
O Julho alegre, brejeiro e ardente
Que sabe esquecer e sabe abrandar
É celeiro cheio e fornalha ardente
É verdura loira e fonte a cantar
E logo atrás o irmão mais brando
O formoso Agosto que quer fugir ao mar
As marés atormentam-no e de vez em quando
Entristece o rosto e põe-se a chorar
Logo vem Setembro amarelo e calmo
Orgulho das campas milhão a soar
É uva, é vinho, é terra sem palma
É linho dos montes, toalha do altar
E o Outubro loiras das tardes amorosas
Que as folhas caídas fizeram no ar
Viúvo ficaste e as esposas choram
Não cases de novo para de novo chorar
Novembro aparece cinzento zangado
Novembro aparece cinzento zangado
Já nasceu assim e assim vai findar
Findam nossos corpos é verme acabado
Mas tu voltas sempre e queres voltar
Vem por fim Dezembro
O último menino dos doze filhotes
O último menino dos doze filhotes
Que o bom ano tem
Roxinho de frio traz-nos um hino
De amor e de paz, de alegria também.
Nenhum comentário:
Postar um comentário