DIA BONITO
(Deise Rocha)
Fazia um dia bonito lá fora.
Mas dentro ainda havia a tempestade. Toda a sua felicidade havia ido embora, carregada pelo vento e pela água da chuva, de dias passados.
Ele acariciou a cabeça de seu cachorro e partiu, deixando a casa sobre os cuidados de seu amigo e único companheiro, agora, naquele lar. Resolveu deixar o carro também. O dia estava bonito. Merecia ser aproveitado de outra forma. Não sabia por quê, mas merecia.
E foi andando.
Passou por tantas pessoas na rua e na estação de metrô.
Havia muita diversidade de pessoas ali, em sua cidade, mas nunca havia percebido. Ficou pensando tanto nessa diversidade que se esqueceu da tristeza que havia dentro de si.
Foi quando, saindo da estação do metrô, que ele avistou pessoas vestidas igualmente. E em cada camiseta que vestiam, havia a mesma pergunta estampada. Ele ficou parado lá, olhando aquelas pessoas fazendo, de uma maneira muito interessante, o bem a tantas outras.
Então, surpreendentemente, ao invés de seguir seu rumo, ele foi em direção ao grupo, em especial, a um deles, o que estava mais distante. E sem apresentações formais, ele apenas disse que queria.
E foi abraçado. E envolvido naquele abraço, chorou. E ao começar a chorar foi envolvido pelo grupo inteiro. E ele chorou mais ainda. E em cada lágrima, sentia seu corpo se limpar da tristeza.
Foi o melhor dia da vida dele, desde então.
E era isso o que muitos comentavam em seu trabalho. Embora não soubessem o por quê. Apenas viram explícito em seu sorriso.
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